Uma grande dificuldade das equipes de Futebol Americano no Brasil são as lesões. Elas geram perdas de jogadores durante a temporada, que acarretam queda de performance individual e da equipe, diminuição de plantel disponível e em alguns casos “aposentadorias” precoces em função das alterações físicas e psicológicas que uma lesão gera. E, na maioria das equipes, não existem profissionais responsáveis apenas por prevenir estas ocorrências.
O América Locomotiva não fugia deste quadro: em 2017, 48% da equipe principal se ausentou pelo menos 1 jogo na temporada, sendo que ela foi relativamente curta, com 6 jogos apenas. Além disto 75% da equipe treinava com dores, o que gera perda de confiança corporal e queda de rendimento nos treinos/jogos.
Em função disto, no início de 2018, a equipe fechou uma parceria com o Fisioterapeuta Raphael Salgado. Especialista em Fisioterapia Esportiva, amante do esporte e da sua área de atuação, ele já trabalhava com alguns atletas da equipe desde 2016, com bons resultados, o que levou ao interesse da equipe e do Raphael.
O trabalho desenvolvido baseou-se primeiro no histórico dos atletas (lesões, posição, dores), associado aos dados colhidos através de avaliações funcionais de todo o elenco. Foi criado um PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE LESÕES NO FUTEBOL AMERICANO, projeto inovador no FABR, onde, a partir dos dados colhidos e dos estudos sobre incidência de lesões no esporte, criou-se 4 formas de intervenção na equipe: Exercícios individuais de prevenção, exercícios em grupo, acompanhamento de treinos e jogos e trabalho de recuperação dos atletas pós jogos.
- A partir de um quadro de exercícios criados com base em programas já conhecidos (FIFA+ e CBB), os atletas foram orientados a fazer semanalmente os exercícios indicados a cada um deles, com foco em suas necessidades.
- Antes dos treinos, a equipe realizava exercícios comandados pelo fisioterapeuta, com o foco na mobilidade, estabilidade, ativação central e específica.
- Acompanhamento da equipe, em treinos, jogos e viagens, agilizando atendimentos e retorno dos atletas as atividades.
- Trabalho de recuperação corporal (recovery) imediatamente pós atividades, agilizando recuperação corporal dos atletas e minimizando os efeitos lesivos das altas demandas dos jogos e viagens.
Com estas atividades durante o ano, encontrou-se dados bem significantes:
- A equipe teve uma média de 7,9% de ausências de atletas do plantel em jogos. O que significa uma diminuição de 53% em relação a 2017!
- Apenas 26% da equipe teve alguma lesão que gerou afastamento de partidas (48% em 2017, sendo 6 partidas em 2017 e 10 partidas em 2018).
- Apenas 03 lesões por sobrecarga durante o ano, o que corresponde a 18% de ausências, ou seja, a grande parte das lesões foram por contato/trauma, o que dificulta sua prevenção. As lesões “controláveis” foram minimizadas a menos de 5% dos atletas.
- Na última partida da temporada (contra o Tritões nos Playoffs), apenas 4 atletas – 6% da equipe, não tinha condições de jogo, gerando um plantel quase completo para viajar e jogar a partida mais importante do ano.
- Segundo os atletas, 85% deles se sentiam mais bem preparados e confiantes após os exercícios pré treinos, o que gera melhoras físicas e mentais, gerando aumento de performance e resultados.
Em resumo, a equipe teve quase a metade dos problemas com lesões em relação ao ano anterior, conseguindo ter os atletas disponíveis durante toda a temporada!
A Fisioterapia Esportiva, principalmente na parte de prevenções de lesões, mostra-se uma grande aliada das comissões técnicas e equipes de gestão no crescimento do FABR. Evoluir o trabalho do fisioterapeuta de “apenas” uma reabilitação, para a presença diária do profissional em campo, é fundamental, principalmente associado ao preparador físico.
O América Locomotiva é um exemplo disto. A equipe cresceu muito na sua gestão, gerando melhor estrutura para seus atletas treinarem e jogarem com mais segurança e confiança. A presença da equipe nos Playoffs, após uma temporada histórica e um plantel quase completo durante o ano, demonstram o sucesso do programa.
Por Raphael Salgado